Passar o bastão

Na corrida de revezamento, equipes de quatro velocistas cada competem para ver quem consegue completar a prova em menor tempo. O primeiro membro do time completa uma certa distância e passa o bastão para o próximo, que deve fazer o mesmo, até o último integrante da equipe cruzar a linha de chegada.

Em muitos sentidos, nossas escolas deveriam funcionar exatamente da mesma maneira. Cada professor deveria ajudar seus alunos a desenvolverem as competências-chave até um nível adequado, confiando no próximo colega para dar continuidade à tarefa.

O grande problema da maioria das escolas é que, por falta de tempo e planejamento, muitas vezes os professores não promovem esse senso de continuidade da forma necessária. Em vez de se sentarem com os colegas que os precederam para entender a história de cada aluno, os pontos fortes e as fragilidades que devem ser superadas, muitos professores simplesmente partem do princípio de que o trabalho foi feito, e seguem com seu programa padrão a partir dessa premissa.

Estudos demonstram que quase 50% do que é trabalhado em sala de aula já era conhecido previamente pelos alunos, o que indica que nossas escolas podem estar perdendo um tempo precioso. Ao mesmo tempo, algumas fragilidades nas competências-chave podem ir passando de ano a ano sem que nenhum professor se dê conta disso.

Nossos sistemas educacionais ganhariam muito se houvesse melhor planejamento para que os professores pudessem, simplesmente, passar o bastão.

Dr. Estêvão Bittar

Doutor em neurociências pela USP e vice-presidente da Bittar Educação.
Oferece reflexões e dicas sobre educação de filhos, do ponto de vista das neurociências.

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